Crônica de uma mulher.


Por Gabriel Francisco. 

Certo dia ela acordou de manhã. Tomou um gole do seu mais amargo café, comeu um quadrado do chocolate que tinha e foi estudar. À noite convidou seu namorado para uma festa, na casa de uma amiga. Ele aceitou. Ele a tratou com o devido respeito e valor. Já se sentia uma princesa. Mas em todo relacionamento há culpas e culpados, discussões e brigas.
Durante a festa, tomados pelo álcool, pela “conversa fiada” surgiram boatos. Boatos cujo nome se deveria chamar silêncio, pois há silêncios sombrios, tanto quanto verdades mentirosas.
A alteração na bebida fizera o clima esquentar. Ele, já alterado, entrou em uma desconexa discussão. A princesa então, tentou aparar.
Conseguiu, momentaneamente. O namorado, ainda pasmo, começou a lhe xingar, tratando-a agora com desprezo, devido ao boato: Que ele a tratava como sua prisioneira, acorrentada nas mazelas cujo soco e maus tratos sempre conviviam em (des)harmonia. Induzida a perguntar o motivo de ter contado às pessoas, começou novamente: espancamentos puxões de orelha e vários tapas e socos. O namorado encostou o carro – o semblante dela era de medo – já começava a arrastá-la pelo asfalto. Seria então o dito boato verdadeiro? Ninguém sabe.
A polícia interveio. O homem que a agrediu fugiu e lhe deixou sozinha em um dos cantos da cidade onde vivia. O homem está foragido. A policia fez um boletim de ocorrência. Ela achou pouco. Ela era a “ex”, com marcas por todo o corpo, e não tinha como somente esquecer.
Ela ligou em busca de ajuda. Ligou para o disque-denúncia 180, relatando a violência contra a mulher.
Buscando os recursos que lhe cabem, ela vai tentar voltar a ter uma vida como tinha antes, ativa. Vai buscar uma lei mais exigente, a Lei Maria da Penha, e espera que a graça divina lhe ajude. A justiça tarda mas não falha.
Este é só mais um dos casos que povoam o Brasil inteiro sobre a violência contra a mulher, onde todas saem com um olho machucado, uma pressão psicológica ou mesmo uma agressão mais grave. Enquanto houver mulheres apanhando em casa haverá insegurança nas ruas.
Violência contra a mulher: ligue 180. Denuncie.

Comentários

  1. É triste, pois essa é a realidade de muitas.
    Texto incrível, escritor maravilhoso. Parabéns Mister Gabriel, sempre tocando fundo na ferida, e captando todos os detalhes.
    Vai longe! ❤

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