A CASA DOS ESPELHOS
A CASA DOS ESPELHOS.
Os desenhos eram aparentemente desordenados, por qualquer coisa que tenha feito ou qualquer rabisco que na verdade todos achavam que eram rabiscos. A mãe, Cida, ao olhar seu filho, Marcos, de dezessete anos com problemas mentais por causa da genética quase aproximada com o pai, que na verdade é primo em primeiro grau da mesma, constatou quantidades excessivas de papéis rabiscados. Marcos, entretanto gostava muito de seus desenhos. Eram perfeitos (para ele, em sua visão). Contudo, em um pequeno momento, em que ele não poderia dar ouvidos (muitas vezes ele ficava totalmente agressivo quando chegavam perto dele para bisbilhotá-lo), Cida murmurou:— Não podemos deixá-lo assim. Ele está enlouquecendo cada vez mais.
E pôs a mão sobre a boca, roendo as unhas que havia pintado antes de ontem. O murmúrio foi ouvido pelo pai, que embora tenha, em sua parte, participação na geração, criação e educação ao filho, não ligara muito para seus consentimentos. Pestanejando; e o silêncio ficou ponderando o local, a sala, em que todos os dias Marcos ficava desenhando, disse, abrupto:— Por que preocupas tanto com este moleque sabendo que ele não tem jeito nenhum. Ele não é uma máquina e não tem conserto. Ele é um imprestável! Olhe só para ele! — disse, apontando ao indefeso garoto.
Cida chegou perto. Olhou face a face para seu marido, com quem dividia o mesmo teto há mais de dezoito anos, quando ainda eram adolescentes. O olhar do marido foi retribuído com tamanha estranheza. Ela apontou o dedo indicador à sua camisa branca e em um tom oscilante entre nervosismo e calma, citou:— Não podemos fazer nada. Mas é nosso filho, seu vagabundo. E você tem certa parcela de culpa. Convença-se disso, principalmente. Abra seus olhos. E eu, apesar de ele ser o que é, o amo. Pois sou mãe. Você não sabe amar alguém? Então porquê foi para a cama comigo? Por mero prazer? E por que fez um filho em mim? Por mero orgulho? Não. Você quis ser pai.
E Marcos agora ouvira a voz que a mãe exaltara.
Ela correu para ajudá-lo. E rapidamente ele se acalmara. Marcos, embora não demonstre, conhecia sua mãe e sabia admirá-la.— O que você está fazendo, meu filho? — perguntou a mãe.— Uma casa.— Que linda! Posso ver?— Pode. Pode. P-p-p-pode. E-e-eu vou juntar os des-s-s-s-senhos.
E assim rapidamente ele juntou e entregou à mãe.
E os rabiscos que aos olhares nus eram apenas rabiscos transformaram-se, em demasiado momento, juntando, da forma de Marcos, o desenho formava uma casa. Em um papel, o teto, no outro, outra parte de um móvel, que parecia ser a sala ou algo assim. E dentre todos os papéis gastos, oito no total, em forma de exposição, estava completo seu pequeno...desenho. A Casa Dos Espelhos.
A mãe olhava para o desenho, abismada.— Que lindo, filho. Quanta imaginação — disse, gaguejando— Obrigado. — disse ele da maneira que poderia. Com certos problemas.
Cida ficou abismada. O mundo dela caiu. Ela sabia que aquela casa é um mau presságio.— Posso ficar com esse desenho para mim?
Marcos começou a socar a mesa. Desesperou-se. E apesar de não se arrepender, Cida começou a ampará-lo.— Pode. Pode. P-p-p-pode.— Obrigada, filho.
Ele a olhou com estranheza. Mas não ligou e começou a desenhar novamente.— Quando você fizer outro você me chama, meu lindo? — perguntou ela e Marcos assentiu.
Ela retornou ao pensamento: Não ele não está enlouquecendo. Nós estamos vendo isso de outra maneira. Outros modos.
Agora, o pai, com a cerveja na mão, estava, além de bêbado, rabugento.— Esse garoto não tem cura! É doente! Pare de se preocupar com ele!
E novamente o desespero tomou conta de Marcos e ele quebrou um copo qualquer da casa. O silencio havia retornado e Cida olhou para seu marido, que já não o amava mais como antes e balançou a cabeça negativamente.— M-m-mamãe, eu acab-b-b-bei—Estou indo, meu amorzinho.
E em um tom pálido, Cida murmurou: Impossível.— É...pra....você....ta-a-a-ambém.
No desenho havia um rosto em um espelho. Da mesma casa. Do mesmo lugar do primeiro desenho em que ela havia visto, exposto sobre a mesa. Agora, ela avistava Sophia, a bisavó de Marcos, em que ele não conhecera. Não demorou muito, cerca de cinquenta minutos, após ela varrer a varanda da casa e limpar o quarto seu e de seu marido, com quem, sem prazer algum dividia a cama, Marcos a chamou. E já havia duas pessoas. Dois rostos. Da avó. E da Tia.
A noite pairou e a lua estava começando a ficar cheia. Crescente. Marcos a chamou novamente e agora viu-se dois rostos. Mais dois. E um senhor.— Me empresta?—Sim..Sim..Sim...mamãe — e tentou fazer um gesto de positivo que não foi bem sucedido mas compreendido pela mãe. Este desenho, ela levou ao marido, que já estava lúcido.
— É você. A próxima vítima.— Bebeu, mulher? — disse, abrupto.— Não — disse, ríspida e largou os desenhos ante as mãos de seu marido.
Lembra da lenda de 1837 da cidade, que sempre fora contada?— Nem lembro o que eu fiz ontem...— A lenda da Casa dos Espelhos.— Hã...Quê que tem?
Ela "montou" a Casa dos Espelhos e os rostos ficaram expostos ao lado.— Ela voltou. A lenda. E esta lenda é pesada. Você sabe. E você é a próxima vítima.
01:00. A ambulância havia sido acionada por Cida, que embora casada, nem em prantos estava. Chorou como uma pessoa comum, em luto, por ser seu marido, mas não caiu em prantos como a maioria das pessoas idiotas faziam. Para que ter medo da morte sabendo que a morte irá chegar; ela pensou.
— Seu marido bebia muito? — perguntou o médico da ambulância.— Bastante.— Morreu de cirrose, portanto.
Ela assentiu.
— Vamos analisar cautelosamente e te mandar o em nota o que houve mas provavelmente é cirrose.
Ela assentiu.
Cida não havia tido preocupações com seu marido. Mas agora, preocupava-se com Marcos. Seus desenhos, de agora em diante, eram vistos de outra maneira, como visões. Como um presságio.
Ela retornou ao pensamento: Não ele não está enlouquecendo. Nós estamos vendo isso de outra maneira. Outros modos.
Agora, o pai, com a cerveja na mão, estava, além de bêbado, rabugento.— Esse garoto não tem cura! É doente! Pare de se preocupar com ele!
E novamente o desespero tomou conta de Marcos e ele quebrou um copo qualquer da casa. O silencio havia retornado e Cida olhou para seu marido, que já não o amava mais como antes e balançou a cabeça negativamente.— M-m-mamãe, eu acab-b-b-bei—Estou indo, meu amorzinho.
E em um tom pálido, Cida murmurou: Impossível.— É...pra....você....ta-a-a-ambém.
No desenho havia um rosto em um espelho. Da mesma casa. Do mesmo lugar do primeiro desenho em que ela havia visto, exposto sobre a mesa. Agora, ela avistava Sophia, a bisavó de Marcos, em que ele não conhecera. Não demorou muito, cerca de cinquenta minutos, após ela varrer a varanda da casa e limpar o quarto seu e de seu marido, com quem, sem prazer algum dividia a cama, Marcos a chamou. E já havia duas pessoas. Dois rostos. Da avó. E da Tia.
A noite pairou e a lua estava começando a ficar cheia. Crescente. Marcos a chamou novamente e agora viu-se dois rostos. Mais dois. E um senhor.— Me empresta?—Sim..Sim..Sim...mamãe — e tentou fazer um gesto de positivo que não foi bem sucedido mas compreendido pela mãe. Este desenho, ela levou ao marido, que já estava lúcido.
— É você. A próxima vítima.— Bebeu, mulher? — disse, abrupto.— Não — disse, ríspida e largou os desenhos ante as mãos de seu marido.
Lembra da lenda de 1837 da cidade, que sempre fora contada?— Nem lembro o que eu fiz ontem...— A lenda da Casa dos Espelhos.— Hã...Quê que tem?
Ela "montou" a Casa dos Espelhos e os rostos ficaram expostos ao lado.— Ela voltou. A lenda. E esta lenda é pesada. Você sabe. E você é a próxima vítima.
01:00. A ambulância havia sido acionada por Cida, que embora casada, nem em prantos estava. Chorou como uma pessoa comum, em luto, por ser seu marido, mas não caiu em prantos como a maioria das pessoas idiotas faziam. Para que ter medo da morte sabendo que a morte irá chegar; ela pensou.
— Seu marido bebia muito? — perguntou o médico da ambulância.— Bastante.— Morreu de cirrose, portanto.
Ela assentiu.
— Vamos analisar cautelosamente e te mandar o em nota o que houve mas provavelmente é cirrose.
Ela assentiu.
Cida não havia tido preocupações com seu marido. Mas agora, preocupava-se com Marcos. Seus desenhos, de agora em diante, eram vistos de outra maneira, como visões. Como um presságio.
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