O Vigia







O Vigia.

Bruna e Samanta resolveram ir ao parque. Samanta não fica em casa. E Bruna tem um pai que é maníaco; ele um dia a abusou e em seguida enfiou­lhe o couro, quando estava bêbado. Ambas gostavam ao menos de ficar conversando e trocando ideias; ideias de garotas, sobre tamanho do sutiã, a cor da calcinha que excita um homem, algo sobre como um beijo pode ser tão especial quanto olhar uma estrela­cadente e fazer um pedido ou algo assim. Bruna conhecia Samanta desde os tempos de criança, quando tinha sete anos de idade. Nunca, entretanto, foram muito próximas, mas devido ao destino, na escola, no segundo ano do ensino médio se juntaram e as mútuas confianças foram se aflorando.

— Por que não vamos ao Poliesportivo? — perguntou Samanta — lá terá uma festa e terá um monte de gatinhos para ficarmos doidinhas e sentirmos tesão suficiente para satisfazermo­nos; provocou.
Bruna ficou vermelha de vergonha, embora tivesse intimidade suficiente com sua amiga mais próxima. Ela era totalmente discreta quanto a qualquer tipo de assunto ou objetivo e não dava satisfações, quaisquer que seja, para qualquer pessoa.

— Vamos! — Insistiu Samanta.
Hesitou Bruna.
— Tá, pode ser. Que horas começa a festa? — perguntou
— 23:00
Bruna assustou­se.
— Certeza?
— Absoluta — concluiu com veemência — passo na sua casa e te pego. Avisa a sua mãe que eu vou lá.
—Pode deixar.
O mal de Samanta é sempre, com volúpia, sair de casa, mesmo que não tenha nenhum motivo. Andar na rua, de bobeira...sem mais nada para fazer... Era uma completa....bom, umasem­nada­para­fazer. B​runa, portanto, era mais quieta.



Na festa, a atração principal era a banda do Iron Maiden, que ia abrir o show. No carro, quando Samanta foi buscar sua amiga, que usava uma linda roupa, uma calça surrada e uma camisetinha bonita de caveiras mexicanas; ela estava totalmente desconexa e principalmente controversa ao estilo. Elas eram...divergentes; em quase tudo, suplico. Bruna estava sem maquiagem e simplesmente bonita, como sempre fora, desde pequena. Portanto, Samanta quer provocar.


— Assim ninguém vai te olhar, Bruna! — disse, equalizando sua voz em tom de desespero, horror e susto; contudo seu sorriso ainda estava no rosto. Poderia ser um sorriso falso ou algo assim.
— Sou reservada, esqueceu? E....afinal...Olhe para você! — provocou um pouco Bruna. Samanta estava com uma blusa branca com decotes, mostrando os grandes seios naturais que lhe recebera e calça. O batom e o rímel davam um toque de mais piriguete do que de mulher; e seus sapatos — sapatilhas — eram as melhores. Ela realmente queria impressionar. Somente os tamanhos dos seios combinando com os cabelos loiros e os batons vermelho que tem (um arsenal, afinal) conseguiam atrair qualquer homem.



Deu duas horas da manhã; olhava Bruna no relógio do celular. E os fogos de artificio começaram. E até os integrantes do Iron Maiden começaram a festejar junto com a população no Poliesportivo. E do nada um grito parou toda a festa. E um som rude. Isso com certeza não seria fogo de artificio. A população e os integrantes pararam o show. E outro grito estava vindo. Do lado esquerdo do Poliesportivo, onde fica a quadra de futebol­de­salão. A população, curiosa, começou a correr. Não de medo. De curiosidade. Para a quadra. Havia ali, com os holofotes focando­o, um corpo. De uma jovem. Aparentemente de vinte dois anos, bonita, de olhos azuis. Os olhos de todos ficaram assustados; isso poderia acontecer com qualquer um; e seria óbvio ao fitá­lo,

— Sai da minha frente...eu....— disse Samanta, atropelando todo mundo que estava na sua frente e ficando perto de Bruna. Seus olhos começaram a marejar; ela conseguiu, entretanto segurar o choro.
— Bella.

— Você a conhece? — perguntou um homem que estava mais interessado nos seus seios do em que realmente na própria pergunta idiota que acabara de fazer.
— Ela é minha prima.
O homem fissurado nos grandes seios respondeu­lhe com um “Hamm...”

Os holofotes se apagaram.
E os gritos das mulheres começaram novamente a pairar no ambiente. Malditas mulheres e menininhas mesquinhas que gritam por todo e qualquer motivo.
— Vamos embora — sugeriu Bruna.
O sangue ainda escorria por aquela pobre menina vitima de um assassinato. Isso significa, que fora recente, bem na hora, do clímax das pessoas festejarem.
Pouco a pouco, a multidão foi­se esvaindo daquele local...
... E os holofotes se acenderam novamente.
O placar dos dois lados da quadra também estavam ligados. E as frases começaram a aparecer:


“A Próxima é a parente...A próxima é a parente!...A próxima é a parente... !”. Esta frase ficou rolando por cinco minutos. E em outros cinco minutos, apareceu outra:
“Ela está aqui...Ela estou vendo ela...Ela está aqui...Eu to vendo ela...!”
— Quem é você, seu babaca! — gritou Samanta.

E em outros cinco minutos:
“É no aniversário...!E está perto...!É no aniversário...!A próxima é a parente...é o aniversário...Eu to vendo ela..!”
— Quem é você, desgraçado! Quem é você! — insistiu Samanta, já em prantos
E ele respondeu pelo telão dos placares: V.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Rede

Embebedar­-se

BICAMPEÃO: GALO FA abre larga vantagem e 'detona' América Locomotiva