À frente o Presidente da Câmara emitiu provas contundentes sobre o principal suspeito de propina que ali, julgado na cadeira marrom­rústica estava sentado. Aparentemente não havia quaisquer que sejam suas preocupações, tampouco seu olhar calmo e frio ponderava sobre os outros em pleno julgamento. Julgado diante do presidente, os senadores ainda opinavam à favor; os deputados contra; os desinteressados (de ambas as partes) deixavam tudo a empatar. Cada rato quieto diante da ratoeira. O suposto réu ainda olhava para a cara do Presidente, não por isso soltou:

— Já ouviu o lema, não já?
— Tantos...— respondeu — A quais você me refere?
— A Justiça é cega.
O então Presidente da Câmara danou­se a rir.
— Meu histórico é tão límpido quanto o céu — o suspeito fez um sinal. Algo como um sim para alguém que estava sentado não muito distante da cadeira do Presidente. Em um instante as respectivas provas estavam ante a sua mesa. O Presidente ficou perplexo. Analisou­as com calma. Já havia quase três horas de reunião. O caso foi levado ao departamento jurídico para analisar. E cinco horas se passaram diante daquela hostil sala. Hora depois, o resultado: o álibi do suposto réu condisse e as falsas provas foram incriminadas. Portanto, o Presidente foi, pela segurança acionada, preso.
— "A Justiça é cega. Mas pode ser ouvida" — replicou o então réu.
— Eu fui abduzido — tentou se desculpar o Presidente segurado pelos seguranças. Em seguida, ainda tentando algo (in)válido disse ao então suspeito: — O que mais você quer? Nada ele disse.
Saiu diante do microfone que à sua frente há mais uns metros estava e disse:
— O que eu quero? (ele riu) ...Justiça dentro da Justiça. Sou contra a CPI — afirmou.
— Senhor é plausível informá­lo que isto é uma CPI — disse um dos senadores­aliado do Presidente.
— Ah, mas não quero esta CPI. Eu quero lutar contra ela. Eu quero a verdadeira política. Eu quero, Senhores, lutar Contra a Política Interna.

Gabriel Francisco

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