Oh-mãe- e - agora?







Os seios já suados batiam contra a parede e seu parceiro a agarrava por trás, deixando­a extasiada. Era noite e estava com uma leve chuva mas com uma brisa tão fria no Rio Grande do Sul que embora tradicional estava, naquele momento, sendo ocasional. Não empedia, porém, o calor daqueles dois, que de olhos em olhos, completamente nús e em sintonia corpo a corpo semagnetizavam ​diante de ambos.

— Não, meu amor, assim não — dizia ela.

Ela, em baixo tom, dava pequenos gritos; alguns de dor, outros de prazer... E quando o fogo cessara, enrolados ao lençol e dormindo, o sorriso ainda — ainda — estava no rosto daqueles dois.

Dia seguinte, ao acordarem e comer a refeição posta à mesa, ainda felizes pelo dia anterior, beijando­se e agarrando­se, se despediram; contudo mantinham contatos.

— Vou embora, dizia ele —, volto em breve — e deu­lhe um beijo de língua.

— Tudo bem — ela assentiu, sorrindo.

Os meses foram se passando e embora a ​guria ​tivesse apenas quatorze anos, ela percebeu: os sintomas. Foi à farmácia para buscar um teste de gravidez. E o fez depois de aquisitado.

As lágrimas. De felicidade? De frustração? Ela não sabia. Procurou a mãe, que de nada adiantaria agora, e embora chorando, mostrara­lhe o teste

— Oh, mãe, e agora? — perguntou.
— Manda para ele — disse, fria.
Ela enviou­lhe um recado via SMS: “​Você vai ser papai!”.Minutos, segundos, horas se passaram. Nenhuma resposta

havia. Ela ligou para ele. Caixa postal.


Agora sim. O choro. De frustração. Por ser mãe aos quatorze. Uma gravidez indesejada. E o pior de tudo: sem apoio do parceiro.

— Oh, mãe, e agora?! — ela perguntou novamente para sua

melhor amiga.

— A prole indesejada tem de ser cuidada — ela cruzou os braços ao dizer — você fez sua parte, agora aja como tal. SEJA MÃE.

Gabriel Francisco

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